Baseado no "Namore uma garota que lê",
texto escrito pela Rosemary Urquico e traduzido e adaptado para o português por
Gabriela Ventura.
"Namore um cara que se orgulha da biblioteca
que tem, ao invés do carro, das roupas ou do penteado. Ele também tem essas
coisas, mas sabe que não é isso que vai torná-lo interessante aos seus olhos.
Namore um cara que tenha uma pilha de três ou quatro livros na cabeceira e que
lembre do nome da professora que o ensinou as primeiras letras.
Encontre um cara que lê. Não é difícil descobrir:
ele é aquele que tem a fala mansa e os olhos inquietos. Ele é aquele que pede,
toda vez que vocês saem para passear, para entrar rapidinho na livraria, só
para olhar um pouco. Sabe aquele que às vezes fica calado porque sabe que as
palavras são importantes demais para serem desperdiçadas? Esse é o que lê.
Ele é o cara que não tem medo de se sentar sozinho
num café, num bar, num restaurante. Mas, se você olhar bem, ele não está
sozinho: tem sempre um livro por perto, nem que seja só no pensamento. O rosto
pode ser sério, mas ele não morde, não. Sente-se na mesa ao lado, estique o
olho para enxergar a capa, sorria de leve. É bem fácil saber sobre o quê
conversar.
Diga algo sobre o Nobel do Vargas Llosa. Fale sobre
sobre as novas traduções que andam saindo por aí. Cuidado: certos best-sellers
são assunto proibido. Peça uma dica. Pergunte o que ele está lendo –e tenha
paciência para escutar, a resposta nunca é assim tão fácil.
Namore um cara que lê, ele vai entender um pouco
melhor seu universo, porque já leu Simone, Clarice e –talvez não admita– sabe
de memória uns trechos de Jane Austen. Seja você mesma, você mesmíssima, porque
ele sabe que são as complicações, os poréns que fazem uma grande heroína. Um
cara que lê enxerga em você todas as personagens de todos os romances.
Um cara que lê não tem pressa, sabe que as pessoas
aprendem com os anos, que qualquer um dos grandes tem parágrafos ruins, que o
Saramago começou já velho, que o Calvino melhorou a cada romance, que o Borges
pode soar sem sentido e que os russos precisam de paciência.
Um namorado que lê gosta de muita coisa, mas, na
dúvida, é fácil presenteá-lo: livro no aniversário, livro no Natal, livro na
Páscoa. E livro no Dia das Crianças, por que não? Um cara que lê nunca
abandonará uma pontinha de vontade de ser Mogli, o menino lobo.
E você também ganhará um ou outro livro de
presente. No seu aniversário ou no Dia dos Namorados ou numa terça-feira
qualquer. E já fique sabendo que o mais importante não é bem o livro, mas o que
ele quis dizer quando escolheu justo esse. Um cara que lê não dá um livro por
acaso. E escreve dedicatórias, sempre.
Entenda que ele precisa de um tempo sozinho, mas
não é porque quer fugir de você. Invariavelmente, ele vai voltar –com o coração
aquecido– para o seu lado.
Demonstre seu amor em palavras, palavras escritas,
falas pausadas, discursos inflamados. Ou em silêncios cheios de significados;
nem todo silêncio é vazio.
Ele vai se dedicar a transformar sua vida numa
história. Deixará post-its com trechos de Tagore no espelho, mandará parágrafos
de Saint-Exupéry por SMS. Você poderá, se chegar de mansinho, ouví-lo lendo
Neruda baixinho no quarto ao lado.
Quem sabe ele recite alguma coisa, meio
envergonhado, nos dias especiais. Um cara que lê vai contar aos seus filhos a
História Sem Fim e esconder a mão na manga do pijama para imitar o Capitão
Gancho.
Namore um cara que lê porque você merece. Merece um
cara que coloque na sua vida aquela beleza singela dos grandes poemas. Se
quiser uma companhia superficial, uma coisinha só para quebrar o galho por
enquanto, então talvez ele não seja o melhor. Mas se quiser aquela parte do “e
eles viveram felizes para sempre”, namore um cara que lê.
Acho esses textos tão lindos e inspiradores. Não casei com um garoto que lê, mas ele é músico e atleta, então me inspira a diversificar minha área de interesse além dos livros. Mas ele admira minha paixão pela leitura e incentiva.
ResponderExcluirBjos - Leituras, vida e paixões!!!